sábado, 27 de novembro de 2010

A "MAIS PAULISTA" DE TODAS AS AVENIDAS



Ela já nasceu assim... Com um jeitinho diferente! Era 8 de dezembro de 1891!
Mudou de nome várias vezes: avenida das Acácias, Prado de São Paulo, avenida Carlos de Campos.
Logo de início foi invadida por palacetes que ostentavam a opulência dos barões do café, misturada à elegância de famílias paulistas quatrocentonas. 
Seus imensos casarões, com fachadas exuberantes e amplos jardins eram o símbolo de uma classe social privilegiada.
Tanta riqueza exigia também modernidade e ela se tornou a  primeira avenida asfaltada da cidade.
Era uma época de glamour, que durou até os anos 50.
A partir daí, ela começou a se transformar. O crescimento da cidade trouxe os primeiros prédios comerciais, ainda pequenos, que tomaram o lugar de alguns casarões.
Um caminho sem volta. O fim da era romântica.
Nos anos 60 e 70, os espigões foram tomando espaço e os belos palacetes começaram a desaparecer.
Ela se transformou no coração financeiro do país. Bancos, financeiras, grandes empresas fizeram dela seu endereço.
Seus ocupantes agora eram outros: executivos e homens de negócios que caminham apressados por suas calçadas largas.
Junto com o desenvolvimento econômico vieram também hospitais, colégios, museus, restaurantes, teatros, cinemas. Virou um dos pontos turísticos mais visitados da cidade!
Lugar de finanças, sim. Mas também de diversidade cultural!
E por muitos anos permaneceu assim: rica, majestosa, imponente. Mas uma nova realidade a obrigou a se transformar, mais uma vez.
São Paulo cresceu e fez migrar para outros lugares as grandes potências financeiras. Novos tipos de negócios começaram a surgir e a se instalar por aqui.
O que antes era visto apenas em ruas de comércio popular, agora está em todos as suas esquinas, num estranho contraste com os poucos casarões que ainda restam e os imponentes edifícios.
A elite social não mais desfila por suas calçadas e a maioria dos executivos passeia por outras avenidas. Seus ocupantes agora são outros.
Alguns diriam que ela está mais democrática.  Outros que ela apenas reflete a nova realidade do país, com sua classe média em ascensão. Outros diriam que ela está perdendo seu brilho.
Mas a verdade é que ela ainda continua charmosa e ainda desperta o encanto de todos que por ela passam. Afinal, ela ainda é a mais paulista das avenidas!
Fotografia: Eric Ota
Locução: Ivan Mello
Texto: Ivana Mello

UMA PAULISTA PARA TODOS OS PAULISTAS

Um engravatado corre apressado, tem um compromisso de trabalho, uma reunião com executivos para decidir qual será a próxima estratégia de marketing de uma multinacional... 
Há tempos que a Avenida Paulista é cenário de cenas parecidas como essa. Parar alguém para uma entrevista ou um simples bate-papo, no meio de tantos arranha-céus, é algo quase que impossível. Todos estão apressados, mal lembram que naquele local está situado um dos mais importantes museus da América Latina, o MASP, ou a livraria Cultura, todos espaços que necessitam de muita calma e tempo para poderem ser apreciados. Um paradoxo, não é mesmo?
Mas, parece-me que algo está mudando. O antigo centro financeiro de São Paulo, ninho dos negócios milionários, está se tornando um local de consumo e, o mais impressionante, da Classe C. Cresce o número de lojas e comércios voltados para esse público. Desde lanchonetes baratas até lojas como Marisa e Colombo, aliás, uma das pioneiras da região, começam a pipocar por lá. Isso sem contar com os “ching-ling” do antigo Stand Center, conjunto de lojas abastecidas com produtos originários de contrabando. Não é sabido o real motivo para tal ocupação, talvez seja a facilidade de ter estações do metrô ao longo da avenida ou o glamour de frequentar o local... Na verdade, nada disso importa!
O importante é constatar que a cara da avenida mudou. Hoje, podemos dizer que ela é uma Paulista para todos os paulistas!!!!

Iuri Barros de Freitas - jornalista
iuri.barrosdefreitas@folha.com.br